domingo, 1 de fevereiro de 2009

Para uma gestão nota 10!

O texto a seguir, originalmente publicado na revista Gestão Educacional e de autoria de Isadora Rupp, será dividido em três partes. Essencial para você, gestor, fazer de sua escola um sucesso!Para uma gestão nota 10 Investimentos em tecnologia e implantação de projetos simples podem ajudar a sua escola a se destacar em 2009
Diferente de outros segmentos de negócios, administrar uma escola requer, além da preocupação com as verbas e infraestrutura, um massivo investimento na área humana. Afinal, o gestor lida com pessoas e proporciona para a sociedade o pilar mais importante para a formação, que é a educação.Com projetos e atitudes simples, o colégio pode economizar para aplicar o dinheiro na formação de professores ou solucionar sérios problemas, como violência, definindo bons valores. Conheça dez exemplos espalhados pelo país que conseguiram obter bons resultados e mudar a escola para melhor.
1 - Valorize seu professorConsiderada a melhor escola de ensino médio do país pelo Ministério da Educação em 2007, o Instituto Dom Barreto, em Teresina, Piauí, foca seus objetivos em uma questão a princípio básica, mas que, infelizmente, não é a realidade de muitas escolas brasileiras: a valorização do professor. Entre as diversas medidas adotadas pela diretora Maria Estela Rangel da Silva, que tem 35 anos de experiência, está o apoio para que o corpo docente faça especialização, mestrado e doutorado. Muitos professores de lá entraram com graduação e hoje já são doutores. Cerca de 10% da arrecadação do Instituto é direcionada para este fim. Por meio de convênios com universidades locais, muitos professores conseguiram mestrado sem nenhum custo.
A Pontifícia Universidade Católica do Piauí, por exemplo, trouxe uma pós-graduação em linguística para a cidade porque já sabia que a turma seria fechada apenas com docentes do Dom Barreto. Em alguns casos, o professor que considera inviável conciliar estudos e trabalho tira folga da sala de aula pelo período da especialização e continua com o salário integral. “O professor é professor 24 horas por dia. Nada mais justo do que ser bem remunerado” acredita Maria.
Outra atitude do Instituto é disponibilizar de 15 a 20 horas semanais, remuneradas, para que os professores pesquisem e estudem materiais em sua área de atuação. Durante as aulas um pedagogo fica à disposição para dar apoio ao professor em imprevistos e questões administrativas. “Todo mundo que trabalha no colégio é qualificado para ensinar: desde as zeladoras, mostrando a importância de separar o lixo, até o professor”, explica a diretora.
O constante investimento em atualização também contribui para que o corpo docente do Dom Barreto seja sólido. Rotatividade entre os professores é coisa rara por lá – cerca de 80% deles trabalham na escola há mais de uma década. “Só acolhemos novos quando há necessidade, por isso temos essa política de melhorar quem já está conosco. O benefício para nós e para o aluno é indiscutivelmente maior”, salienta Maria.
Um professor especializado, de acordo com a diretora, consegue promover a qualificação dos demais. “Espontaneamente, ele chega com novas bibliografias e teorias, o que traz mais retorno para a instituição”. Para os alunos e, por consequência, para os pais, docente com formação sólida significa ensino de qualidade, tanto que a briga por uma vaga nas turmas, que têm de 30 a 40 alunos, é grande. “Os estudantes confiam no ensino, são bem assistidos e permanecem por um longo período no colégio. A maioria está conosco desde a educação infantil”.
2 - Mostre sua metodologiaPara conquistar os pais e angariar um maior número de alunos, nada melhor do que mostrar ao público a metodologia e os valores propostos pela escola. O Colégio Internacional Everest realiza o chamado Open Day, um dia destinado para que qualquer pessoa interessada conheça os objetivos educacionais da rede. A iniciativa já é aplicada há quatro anos na sede de Curitiba, Paraná, e há um ano no colégio do Rio de Janeiro.
A prática foi adotada por já ser uma tradição que funciona na rede, que tem 180 colégios em 18 países, fora as 15 universidades, 45 centros universitários e sete escolas de línguas. Segundo a coordenadora de marketing da rede no Brasil, Camila Pegas Bittencourt, mostrar a proposta pedagógica, que é focada na pedagogia humana integral e visa a formação intelectual e construção da aprendizagem, ajuda a conquistar os pais. “Muitos chegam apenas com curiosidade e descobrem que a metodologia é justamente o que estão procurando para seus filhos”.
Os pais e interessados também podem conhecer as instalações, material didático e os recursos tecnológicos disponíveis na escola. Além de o colégio conquistar mais alunos com a iniciativa, o Open Day ajuda, principalmente, na integração da família com a escola. “Os pais vivenciam nossa filosofia, exploram os materiais didáticos e o ambiente. Enfim, vivem a experiência do Everest”, salienta Camila.
3 - Use a comunicaçãoDesenvolver projetos na área de comunicação é garantia certa de alunos com mais disposição para os estudos e mais vontade de ler. Pelo menos foi isso que os cerca de 140 alunos do ensino médio da Escola Estadual Nossa Senhora do Belo Ramo, em Belo Horizonte, Minas Gerais, mostraram com o um projeto de rádio, o “Rádio Tema S.A”. A capacitação dos alunos e dos 28 professores foi realizada em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que também cedeu o estúdio, e promovida nas escolas integrantes do Projeto de Educação Afetivo-Sexual (Peas) da Secretaria de Educação de Minas Gerais.
As oficinas radiofônicas começaram com a história do rádio, linguagem utilizada, interpretação, leitura e produção de textos. Após o embasamento teórico, os alunos foram divididos em grupos, produziram uma série de programas e aprenderam a utilizar os equipamentos e tecnologias para edição e manuseio dos arquivos de áudio, que foram enviados para todas as escolas da rede estadual da Região Metropolitana de Belo Horizonte, para veiculação na hora do intervalo. “Esses alunos melhoraram muito na disciplina de língua portuguesa. E, quando existe melhora na leitura e na escrita, consequentemente há em outras disciplinas”, diz a diretora da escola, Rosely Tavares Alves Pardini.
Antes de participar da iniciativa da secretaria de educação, a escola já tinha o objetivo de implantar um projeto na área, mas não encontrava os incentivos e infraestrutura necessária. “Faríamos algo muito amador e não temos verba para montar um estúdio”, afirma a diretora. Vivenciar a experiência do rádio tem ajudado os alunos a pensar na profissão. De acordo com Rosely, muitos estudantes, após participarem do projeto, já pensam em fazer vestibular em alguma área da comunicação social. No término do projeto, que tem duração de dois meses, os integrantes devem capacitar mais 10 colegas, assegurando a continuidade de ação na escola e atuando como multiplicadores.
O “Rádio Tema S.A.” também contribuiu para integração dos alunos e melhora no desempenho escolar. “Como é realizado fora de sala de aula, muitos jovens encontraram uma atividade e definiram um foco melhor para vida”, salienta Rosely. Até semana que vem.