domingo, 7 de novembro de 2010

O que estimula e prejudica a motivação das equipes?

Os índices de satisfação interna dos profissionais servem de alerta para as empresas que desejam manter a competitividade em um mercado cada vez mais acirrado e dinâmico. Afinal, ao conhecer a realidade do clima interno as organizações podem identificar os pontos que contribuem para a satisfação e a desmotivação dos seus profissionais. Isso faz com que indicadores negativos vejam trabalhados e as pessoas, que fazem o real diferencial nas organizações, continuem a dar o melhor de si.
Por se tratar de um assunto de extrema relevância para a área de Gestão de Pessoas, o RH.com.br convidou Dilson Almeida, consultor organizacional e especialista em comportamento humano. Segundo ele, a área de Recursos Humanos tem que acompanhar, juntamente com o gestor, qualquer indício de desmotivação em uma equipe, uma vez que se deve neutralizar qualquer indício que leve as pessoas a perderem o interesse por suas atividades e, consequentemente, a empresa em que atuam. "É bom lembrar que quem deve realmente estar atendo com esses princípios de motivação é o líder, pois ele é quem mantém contato direto com todos os talentos que foram sua equipe", sintetiza. Durante a entrevista, Dilson Almeida destaca que ações as lideranças sistematicamente para evitar que os colaboradores sejam vitimados pela apatia corporativa. Aproveite a leitura e reflita sobre o assunto!


RH.com.br - Manter índices de satisfação interna positivos é uma constante preocupação das organizações. Por que, aparentemente, está cada vez mais difícil estimular as pessoas no ambiente de trabalho?
Dilson Almeida - O que está difícil de encontrar e manter não são pessoas motivadas e sim um líder inspirador que consiga manter esses profissionais com vontade de trabalhar. Vamos analisar alguns fatos de extrema importância. Primeiro que para manter um ambiente de trabalho gostoso é preciso que exista uma preparação diária, ou seja, o líder dessa organização precisa exercitar os desejos dessas pessoas para o "querer fazer". Segundo, o que mais encontramos no mercado de trabalho é o oposto do que disse primeiro. Há empresas que se quer fazem reuniões para reavivar suas equipes e, sim, promovem reuniões para assassinar os desejos de suas equipes. E isso não é mais permitido nesse novo mundo em que vivemos. O ambiente de trabalho saudável e a automotivação do ser humano são exercícios diários, ou seja, iguais à alimentação que consumimos. O que comemos ontem, já passou não serve mais para o dia seguinte. Se quisermos nos manter vivos é preciso que nos alimentemos novamente. Com a motivação ocorre o mesmo. Só assim será possível manter um ambiente de trabalho atraente e espetacular para se trabalhar.

RH - A dificuldade em motivar os talentos está presente em todos os segmentos corporativos ou há aquelas empresas onde o problema se evidencia mais?
Dilson Almeida - Motivação não é tapinha nas costas ou muito menos premiação no final do mês. Motivação é uma ciência. E a verdadeira motivação que as empresas necessitam hoje é de profissionais que entendam do comportamento humano, para que possam ajudar os demais trabalhadores a se automotivarem. Mas uma coisa é certa, se uma empresa não está indo bem é porque o líder está permitindo. As empresas que conseguem manter equipes motivadas é porque contam com líderes motivados. Ou seja, os gestores tornam-se um exemplo a cima de tudo


RH - Quando é possível perceber que uma equipe está a caminho da desmotivação?
Dilson Almeida - Quando as empresas não desenvolvem seus profissionais ou começam a cortar treinamentos porque acreditam que treinar pessoas não passa de custo. É ai que as empresas começam a ter sérios problemas. Para manter uma equipe com a vontade de fazer sempre o melhor é preciso oferecer orientações constantes para os profissionais como, por exemplo: promover reuniões para que exista o espírito motivacional seja reavivado diariamente; estar atento ao acompanhamento do líder e de cada profissional em relação às metas da empresa como também aquelas consideradas individuais. Se não existe este acompanhamento, não há motivação e sim uma empresa desanimada que todos podem perceber. E não esqueça: quando os clientes percebem esses sinais automaticamente eles param de comprar.

RH - Ao identificar que os profissionais apresentam sinais de insatisfação, qual a providência inicial que um gestor deve adotar?
Dilson Almeida - Nesse momento o mais apropriado é chamar um por um, e conversar sobre o motivo da insatisfação. Em cima dos resultados provavelmente negativos apresentados, durante a conversação, o gestor deve encontrar uma forma para resolver a questão o mais rápido possível. Uma vez deparei-me com uma situação igual a essa trabalhando como consultor. A equipe estava travada e tudo que colocávamos de incentivos para os profissionais produzirem, melhorarem a performance não surtia os efeitos esperados. Então, entrevistei um por um e detectei cerca de 90% das pessoas estavam insatisfeitas porque havia um "colega" deles que não respeitava os outros e fazia intrigas entre os membros da equipe. Demiti esse indivíduo e a equipe voltou a produzir.

RH - Para reverter um quadro de desmotivação é aconselhável que o gestor e a área de RH atuem em conjunto?
Dilson Almeida - Trabalhos individuais vencem jogos, quem saber trabalhar em equipe conquista campeonatos. É de extrema importância que o gestor de uma empresa atue em conjunto com o departamento de Recursos Humanos até mesmo para poder ter uma linguagem única sobre o que está acontecendo, e assim chegarem a uma solução positiva. Em qualquer situação dentro de uma empresa quando estão envolvidas pessoas é preciso saber trabalhar em equipe. Como diz um ditado popular: "Uma andorinha só, não faz verão".


RH - Em sua opinião, onde as empresas mais "pecam", quando lidam com a motivação dos seus talentos?
Dilson Almeida - Pecam quando imaginam que todos podem ser motivados da mesma forma e isso é um grande erro cometido pelas empresas. Vejamos um exemplo que mais acontece no dia a dia corporativo. Temos dois profissionais: João e Antônio. João conta a sua motivação interna e o Antônio precisa de uma motivação externa para superar desafios. Para João se sentir motivado ele precisa apenas receber comandos de desafios que devem ser superados e, assim, a probabilidade dele atingir suas metas aumenta. Enquanto isso, Antônio necessita do acompanhamento de um líder que mostre que ele conseguirá superar um determinado obstáculo, executar um trabalho difícil. Ou seja, Antônio precisa receber de elogios para se motivar. Costumo afirmar a motivação é uma ciência.


RH - Por que a situação que o senhor descreveu ocorre com frequência?
Dilson Almeida - Primeiro porque existe o fator negativo da empresa acreditar que já treinou suficientemente sua equipe, e isso não é verdade. Treinamento não é um evento esporádico e sim um processo contínuo. Outro fator que leva uma empresa a cometer um pecado mortal é pensar que motivação é obrigação de cada colaborador e pronto. Ninguém tem o poder de motivar o outro, mas o líder tem em suas mãos a oportunidade de criar um ambiente especial para que seus colaboradores convivam em um ambiente motivacional.


RH - Toda empresa passa obrigatoriamente por situações onde a motivação dos talentos pode entrar na zona risco?
Dilson Almeida - Muitas organizações entram na zona de risco simplesmente porque não fazem um acompanhamento contínuo do clima. Se uma empresa não realizar o acompanhamento das suas equipes, obviamente será uma forte candidata ao fracasso. Não adianta só mostrar o rumo para caminhar. É preciso conferir se os profissionais caminham na direção certa.


RH - Quais fatores tornaram-se diferenciais para motivar os profissionais motivados?
Dilson Almeida - São vários fatores, mas destacaria os seguintes: entrevistar cada membro da equipe e fazer um diagnóstico para saber como está o clima interno; tomar atitudes rápidas a partir deste diagnóstico; promover reuniões para reavivar a equipe, entre 15 e 20 minutos antes de iniciar o trabalho todos os dias; ensinar aos colaboradores como eles podem proceder para alcançarem metas pessoais, profissionais e, inclusive, financeiras; e finalmente, ter um líder inspirador que seja e parceiro da área de Recursos Humanos.


Palavras-chave: | Dilson Almeida | programa motivacional |


Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap.