sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O peso da competência comportamental


Quem trabalha no meio corporativo e principalmente na área de Recursos Humanos entre uma leitura e outra, ou ainda em conversas com seus pares certamente já ouviu algum jargão do tipo “As pessoas entram nas empresas pelo conhecimento e saem pelo comportamento”. Isso tem tornado-se tão freqüente que as organizações já direcionam ações específicas para trabalhar as competências comportamentais dos colaboradores. Contudo esse não é um trabalho fácil de ser realizado, afinal mexe diretamente com condutas, valores e paradigmas.

Então, qual o caminho a ser adotado para lidar com uma questão tão delicada? Na Herbarium - indústria que atua no mercado de fitoterápicos, por exemplo, a preocupação com as competências comportamentais ocorre a partir do processo de seleção, momento em que a área de Recursos Humanos mantém o primeiro contato e avalia se o candidato possui características convergentes com os valores da empresa. Segundo Joanita Plombon, supervisora de RH da organização, esse trabalho tem sido realizado desde a fundação da companhia, em 1985.

Com capital 100% nacional, a Herbarium possui o maior número de fitoterápicos registrados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e está localizada na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Foi a primeira, dessa área, a obter as certificações ISO 9001/2000, BPF – Boas Práticas de Fabricação, a habilitação Reblas (Rede Brasileira de Laboratórios de Saúde Pública) e trazer para o Brasil as principais tendências mundiais em fitoterápicos. Instalada em nove mil metros quadrados de área construída, a indústria ocupa um terreno que é 12 vezes maior que essa metragem, incluindo um extenso bosque.

Apesar do pouco tempo com o candidato durante a seleção, a área de RH tenta identificar a qualidade comportamental daquele profissional. Nesse sentido, a área de RH sempre procura quebrar paradigmas, como “as emoções devem ser deixadas do lado de fora da empresa”. “Tentamos ver o ser humano por inteiro, com a emoção que ele traz consigo”, explica Joanita.
O diferencial do processo seletivo ocorre porque os entrevistadores valorizam muito a oportunidade a comunicação face a face, o contato olho no olho com quem procura ingressar no quadro funcional. Nesse sentido, ela afirma que as relações mais complexas e estratégicas da área comportamental são trabalhadas através de recursos que só um experiente selecionador tem intimidade.
Outro fator relevante é que o gestor da vaga sempre está presente ao processo e a entrevista torna-se compartilhada. A facilidade de utilizar essa estratégia junto aos candidatos justifica-se em virtude do clima informal é ser predominante junto aos candidatos e isso facilita a “revelação” da pessoa. Não existe um padrão único de entrevista que seja utilizado pelos selecionadores, pois a individualidade de cada profissional é preservada.

Outro fato que auxilia a avaliação comportamental do profissional é quando, já contratado, o mesmo está inserido no dia-a-dia da empresa. Para dar respaldo a esse colaborador, a empresa oferece um treinamento específico, onde é possível, inclusive, observar a relação existente entre funcionário e chefia. Toda essa ação é acompanhada diretamente pela área de RH da organização. “Caso surja um conflito o mesmo é logo compartilhado, para que haja um amadurecimento dos profissionais. É o momento em que identificamos os pontos de desencontro, utilizamos muito diálogo e o RH está de portas abertas para ouvir a todos. Na maioria dos casos, obtemos o sucesso”, complementa a supervisora de RH.

Gestão por Competências – Na Herbarium, a Gestão por Competências foi desenhada há quase três anos e implantada em 2008. Dentre as competências mais valorizadas pela organização estão: a flexibilidade, o comprometimento, a comunicação, a criatividade - no sentido do funcionário ser livre para propor soluções para a empresa. O líder funciona, nesse contexto, atua como coach dos demais colaboradores, pois trabalham constantemente para que os valores institucionais sejam praticados na rotina corporativa.

Em virtude de um mercado cada vez mais mutável, a empresa vê-se diante da necessidade de inovar e se manter atualizada com novas tecnologias para o negócio. “Esse ano, implantamos a Gestão por Competências e para 2009 vamos adotar a Remuneração por Competências. Isso só reforça a necessidade de sempre estarmos atentos. Valorizamos as competências conceituais – fundamentais aos cargos gerenciais, as técnicas, e as competências comportamentais ou humanas, que são igualmente valorizadas em todos os profissionais que estão conosco”, revela a supervisora de RH.

Avaliação das Competências - Ao adotar a Avaliação por Competências como mecanismo de análise de performance, a área de Recursos Humanos da Herbarium está atenta para que exista um contínuo processo de feedback, que envolve avaliador e o avaliado. Na prática, o reflexo desse trabalho permite que também seja observado o relacionamento mantido entre os colaboradores e, conseqüentemente, entre líder-liderado. Esse é um dos fatores que influencia o alcance e a superação de metas através do trabalho em equipe.

Uma boa comunicação – Como não poderia ser diferente de outros processos organizacionais, a valorização de competências na Herbarium conta com o respaldo dos canais internos de comunicação. Entre eles, destacam-se: o jornal interno, a caixa de sugestão e o portal da empresa, via Internet. “Esse trabalho não é muito formal, porque as pessoas estão sempre próximas. Aproximamos os funcionários através de ações simples com as que estão voltadas para a melhoria da qualidade de vida no trabalho e podemos citar como exemplo os grupos de convivência presentes no coral, no teatro, no estímulo à prática de esportes como futebol e vôlei”, diz Joanita Plombon, ao acrescentar que na hora do almoço é fácil observar os pontos de encontro dos colaboradores como a galeria que foi construída para que os profissionais tenham um momento de relaxamento.

Importância das competências comportamentais – Quando questionada sobre a importância de se valorizar as competências comportamentais para a Gestão de Pessoas, Joanita Plombon diz que quanto maior for a integração entre as pessoas, maiores serão as chances de existir a troca de conhecimento entre os funcionários, além do crescimento efetivo da empresa. “Hoje, o acesso às informações é muito significativo, e a atitude tornou-se tudo para o profissional. Somos um ser que se relaciona com o próximo e ninguém faz nada sozinho, é preciso que existam trocas constantes”, conclui.

Patrícia Bispo Jornalista responsável pelo conteúdo da comunidade virtual RH.com.br.

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